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Setor de autopeças deve crescer 2,7% em 2017

Enquanto a Anfavea estima um mercado de até 9% maior em 2017, o Sindipeças é mais cauteloso e prevê um incremento de 2,7% nas vendas do setor para o próximo ano. Segundo Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, a estimativa sofre revisões a cada três meses. “A construção do índice se dá com base nas conversas com os participantes do sindicato, que têm contato direto com as montadoras. Torço para que estejamos errados e o mercado se recupere de forma mais rápida”, disse o executivo, durante sua apresentação no segundo dia Congresso AutoData
Perspectivas 2017, realizado na sede da Amcham, Câmara Americana de Comércio, em São Paulo, na terça-feira, 18.

Ioschpe prevê que até janeiro de 2017 o setor tenha algum mês positivo de vendas, em relação a 2015. “Com base nas encomendas, acreditamos que estamos perto do início de uma recuperação”, afirma.

Enquanto os resultados positivos não começam a aparecer, o setor de autopeças contabiliza suas perdas. Se em 2013 o faturamento do setor foi de R$ 80 bilhões, neste ano a previsão é de chegar a R$ 63 bilhões. “Prevemos uma retração de 4,5% em relação a 2015. Mas se considerarmos a inflação dos últimos três anos, o faturamento do setor praticamente caiu pela metade”, contabiliza o presidente.

O volume de empregos também acompanhou a tendência de queda. Nos últimos dois anos, 36 mil pessoas perderam os empregos nas autopeças do País por conta de uma capacidade ociosa na casa de 50%. “Estamos com 164 mil colaboradores, mas com os lay-offs e as férias coletivas em andamento, é como se 145 mil estivessem trabalhando. Para o ano que vem prevemos estabilidade no emprego e aumento na produtividade”, diz o executivo.

O nível de investimento do setor também arrefeceu. A estimativa é que as empresas filiadas ao Sindipeças invistam por volta de R$ 1,5 bilhão ao longo de 2016. “Este valor é 50% menor do que o verificado em 2014. Apesar de não ser o volume desejado, mostra a resiliência das empresas”, afirma. “O setor vive um momento sem precedentes e muitas empresas estão ficando pelo caminho, especialmente tiers 2 e 3”, diz Ioschpe.

Novo modelo – Segundo o presidente do Sindipeças, apesar do cenário desafiador, já é possível vislumbrar dias melhores. Para ele, a definição de um novo regimento para o setor automotivo deve acontecer no primeiro trimestre de 2017. “O Inovar-Auto expira no fim do ano que vem e já há uma série de discussões em andamento para substituir esse programa. Acredito que esse modelo expirou. O que vem pela frente será diferente”, avalia.

Ioschpe aproveitou o congresso para revelar alguns pormenores do novo programa. Segundo ele, entidades como Anfavea, Sindipeças e Fenabrave fazem parte da discussão, comandada pelo governo federal. “A espinha dorsal já está desenhada e não será mais um regime que privilegia a questão da tributação”, conta. Segundo ele, quatro frentes serão contempladas: segurança, conectividade, emissões e eficiência energética. “Independentemente da origem do veículo, esses critérios terão de ser atendidos. O objetivo é que os veículos vendidos aqui acompanhem a tecnologia global.”

O novo regimento deve ter duração de dez anos, com revisão depois dos primeiros cinco anos. “Essa será uma das ferramentas para trazer a previsibilidade que o setor automotivo tanto almeja.”

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